terça-feira, 14 de junho de 2011

Família reformada sempre reformando

A Reforma Protestante foi um movimento reformista cristão iniciado no século XVI por Martinho Lutero (1483-1546), que, através da publicação de suas 95 teses, protestou contra diversos pontos da doutrina da Igreja Católica, propondo uma reforma no catolicismo. Os princípios fundamentais da Reforma Protestante são conhecidos como os Cinco solas (Somente a fé; somente a escritura; somente Cristo; somente a graça e glória somente a Deus). Lutero foi apoiado por vários religiosos e governantes europeus provocando uma revolução religiosa, iniciada na Alemanha, e estendendo-se pela Suíça, França, Países Baixos, Reino Unido, Escandinávia e algumas partes do Leste europeu, principalmente os Países Bálticos e a Hungria. A resposta da Igreja Católica Romana foi o movimento conhecido como Contra-Reforma ou Reforma Católica, iniciada no Concílio de Trento (1545-1563). O resultado da Reforma Protestante foi à divisão da chamada Igreja do Ocidente entre os católicos romanos e os reformados ou protestantes, originando o Protestantismo.
Mas e então, o que esta parte da história da Igreja tem haver com nossas famílias? Acredito que pelos menos duas questões importantes podem ser consideradas: A centralidade de Cristo e Sua Palavra no meio da Igreja e o surgimento de uma consciência cristã comprometida com o meio social onde aconteceu a reforma protestante. A reforma representou para um povo oprimido por uma religiosidade cruenta, não apenas a libertação do domínio de um clero severo e rigoroso no cumprimento de suas intenções malevolentes, mas o contato sadio com as Escrituras Sagradas e a possibilidade de uma relação direta com Deus, ou seja, a reforma representou a possibilidade de uma vida alegre e saudável na presença de Deus. Reformar nem sempre é fácil, mas pode ser necessário e pode levar a consequências absolutamente satisfatórias, principalmente quando esta reforma se dá de nosso comportamento religioso (formal) para o comportamento cristão (essencial). Neste caso, é sempre mais fácil percebermos a necessidade da reforma em nosso ambiente familiar, pois é ali que as realidades são inegáveis. É ali que somos aquilo que realmente somos e não o que aparentamos ser. É ali que o contato direto com a Palavra de Deus, transparece nossas reais pretensões e reforma nossas intenções e nossos prazeres às intenções e prazeres de Deus. Isso realmente é possível? É claro que sim! Como? Pela centralidade de Cristo em nossas famílias. Somente quando Cristo for Senhor de nossas vidas familiares poderemos encontrar reformas diárias em nossa existência. A centralidade de Cristo reforma nossas relações em relações amorosas, compreensíveis e gentis (I Jo. 4:16) nos tornando famílias espiritualmente saudáveis em uma sociedade totalmente comprometida com pecado. É isso o que eu chamo de “o paradoxo da graça”.
Mas há outro aspecto a ser considerado, pois aquilo de bom que acontece dentro do espaço do lar deve ser refletido para além das paredes de nossos domicílios indo até o meio social onde vivemos. Repare que a Reforma Protestante iniciada na Alemanha espalhou-se por todo o Leste europeu alcançando outros países, ou seja, outras comunidades e outras famílias, legitimando a Graça reformadora de Deus na vida das pessoas. É importante considerar que a Graça divina é amorosamente irrestrita e deve ser mediada pelas famílias que compõem a igreja (Jo. 1:16). Ter plena consciência das realidades que nos cercam e desenvolver compromissos diretos e indiretos com as questões de necessidades das famílias, é atividade daqueles que possuem a Graça de Deus em suas vidas. É absolutamente impossível reter a Graça somente para nós, ela não nos pertence por exclusividade. A igreja, família maior, não possui o monopólio da Graça, mas a mediação. É por nossas famílias que a Graça reformadora de Deus poderá alcançar vidas escravizadas pelo pecado e libertá-las, tirando-as do reino das trevas para o reino do filho de seu amor (Col. 1:13).
Família reformada sempre reformando é um sintoma do Cristianismo bíblico. A ideia bíblica de santificação é dinâmica e envolve nossas consciências tornando-as a consciência de Cristo, proporcionando as questões do reino uma realidade em nossas famílias. A reforma para ser eficaz não pode ficar restrita a um momento específico da história, mas tem que fazer parte da história de nossas vidas.
Deus abençoe nossas famílias!

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